domingo, 13 de abril de 2008
CÉLULAS-TRONCO e BIOÉTICA
Recentes avanços nas pesquisas com células-tronco embrionárias têm
proporcionado grande entusiasmo aos pesquisadores quanto à perspectiva de sucesso no
tratamento de algumas enfermidades, a exemplo da doença de Parkinson, doença de
Alzheimer e do diabetes melitus tipo 1. Simultaneamente, resultados promissores neste
campo da área biomédica também têm concorrido para proporcionar acirrados debates
éticos, sempre presentes quando do advento de novas tecnologias.
O principal desafio ético no tocante à obtenção das células-tronco
embrionárias para uso terapêutico cinge-se à origem das mesmas. Não obstante haja
comprovação de que as células-tronco do adulto também são capazes de se diferenciar, as
pesquisas nessa área nos conduzem a selecionar, preferencialmente, células provenientes
de pré-embriões (blastocistos) com idade entre 5 a 7 dias de desenvolvimento.
Um dos conflitos éticos para a escolha de pré-embriões na obtenção de
células totipotentes consiste justamente em selecionar a origem dos mesmos. De onde obtêlos?
De material procedente de abortos? De pré-embriões criopreservados? O estatuto do
embrião é o mesmo, seja no útero, seja in-vitro? Qualquer que seja a fonte, inicia-se sempre
a discussão ética sobre o estatuto moral do embrião. Indaga-se: qual o grau de respeito que
se deve ter para com o mesmo? Há quem julgue que o embrião é defensável por se
constituir em um ser geneticamente único e irreprodutível, pertencente a espécie homo
sapiens. Constitui-se em um novo genoma, diferente do material genético que lhe foi
herdado. Também é dotado de potencialidade de vida em constante desenvolvimento,
capaz, portanto, de atingir o estágio somático e cognitivo de uma pessoa em sua plenitude.
Contrariamente aos argumentos supramencionados, há quem defenda que o
pré-embrião constitui-se somente em um conjunto de células, sem qualquer semelhança
com uma pessoa e, além do mais, destituído de auto-consciência. Nem por isso se deve
perder o respeito pelo embrião, independentemente de ser ou não dotado, em fase inicial,
de características que se assemelhem a um ser humano.
· Médico, professor de Bioética do curso de Direito do Instituto Camillo Filho
Não obstante argumentos conflitantes no campo moral nessa área, observase
que a opinião de vários autores considera ser eticamente injustificável abortar um
embrião, com a finalidade precípua de obter-se células-tronco embrionárias ou células
germinais com o propósito de utilizá-las como terapêutica a qualquer pretexto. Agindo
desta forma, não estaríamos respeitando o embrião como um fim em si mesmo, mas como
um meio a ser usado por terceiros.
Levando-se em conta que grande número de pré-embriões crio-preservados
são descartados após algum tempo de armazenagem ou podem permanecer estocados nos
bancos com essa finalidade, sem que os pais biológicos reclamem, por eles após período
superior a 3 anos, por que não utilizá-los em pesquisas? Afinal, estariam promovendo um
gesto altruísta, a semelhança da doação de um órgão para transplante. Julgamos que a
maioria dos casais consentem a doação dos embriões excedentes para uso em pesquisa ou
com o propósito terapêutico, caso já tenham constituído a sua prole. Neste aspecto o
legislador brasileiro seguiu a orientação de países que detêm conhecimento de vanguarda
na utilização de células-tronco embrionárias. O art. 5º da Lei de Biossegurança sancionada
recentemente assegura que: "É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in
vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: a) que
sejam embriões inviáveis; b) que sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na
data da publicação da Lei, ou que, já congelados na data da publicação da Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. Por fim, em qualquer
caso, é necessário o consentimento dos genitores, e as instituições de pesquisa e serviços de
saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão
submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa."
Novos dilemas éticos envolvidos com a utilização dessa tecnologia
poderiam ser levantados, a exemplo da possível destinação de células-tronco obtidas por
transferência do núcleo de células somáticas do próprio receptor, ao gerar um blastocisto
clonado. Seriam embriões produzidos pela junção de óvulos não fertilizados por
espermatozóides, o que, teoricamente, reduz a possibilidade de rejeição, uma vez que o
material genético a ser transferido presente no núcleo da célula do embrião doador pertence
ao próprio receptor.
Por fim, ressalta-se ainda os aspectos que envolvem a confidencialidade, a
privacidade e o patenteamento. Cada um desses tópicos ensejaria uma ampla discussão no
campo da moral. Por esses motivos, convém ao pesquisador agir com prudência e
responsabilidade, aprendendo com os erros do passado, deixando de lado os assomos
sôfregos de vaidade que movem o entusiasmo, observe-se, a título de exemplo, o ocorrido
quando se constatou os resultados precários na execução de procedimentos no campo da
terapia gênica e da infusão de células fetais, descritas até recentemente como apanágio de
doenças incuráveis. Sabe-se que o progresso com essas tecnologias continua muito aquém
do esperado. Assim, haveremos de buscar na dedicação e na humildade dos cientistas os
primeiros passos rumo ao progresso da própria ciência.
Sergio Ibiapina F. Costa·
Recentes avanços nas pesquisas com células-tronco embrionárias têm
proporcionado grande entusiasmo aos pesquisadores quanto à perspectiva de sucesso no
tratamento de algumas enfermidades, a exemplo da doença de Parkinson, doença de
Alzheimer e do diabetes melitus tipo 1. Simultaneamente, resultados promissores neste
campo da área biomédica também têm concorrido para proporcionar acirrados debates
éticos, sempre presentes quando do advento de novas tecnologias.
O principal desafio ético no tocante à obtenção das células-tronco
embrionárias para uso terapêutico cinge-se à origem das mesmas. Não obstante haja
comprovação de que as células-tronco do adulto também são capazes de se diferenciar, as
pesquisas nessa área nos conduzem a selecionar, preferencialmente, células provenientes
de pré-embriões (blastocistos) com idade entre 5 a 7 dias de desenvolvimento.
Um dos conflitos éticos para a escolha de pré-embriões na obtenção de
células totipotentes consiste justamente em selecionar a origem dos mesmos. De onde obtêlos?
De material procedente de abortos? De pré-embriões criopreservados? O estatuto do
embrião é o mesmo, seja no útero, seja in-vitro? Qualquer que seja a fonte, inicia-se sempre
a discussão ética sobre o estatuto moral do embrião. Indaga-se: qual o grau de respeito que
se deve ter para com o mesmo? Há quem julgue que o embrião é defensável por se
constituir em um ser geneticamente único e irreprodutível, pertencente a espécie homo
sapiens. Constitui-se em um novo genoma, diferente do material genético que lhe foi
herdado. Também é dotado de potencialidade de vida em constante desenvolvimento,
capaz, portanto, de atingir o estágio somático e cognitivo de uma pessoa em sua plenitude.
Contrariamente aos argumentos supramencionados, há quem defenda que o
pré-embrião constitui-se somente em um conjunto de células, sem qualquer semelhança
com uma pessoa e, além do mais, destituído de auto-consciência. Nem por isso se deve
perder o respeito pelo embrião, independentemente de ser ou não dotado, em fase inicial,
de características que se assemelhem a um ser humano.
· Médico, professor de Bioética do curso de Direito do Instituto Camillo Filho
Não obstante argumentos conflitantes no campo moral nessa área, observase
que a opinião de vários autores considera ser eticamente injustificável abortar um
embrião, com a finalidade precípua de obter-se células-tronco embrionárias ou células
germinais com o propósito de utilizá-las como terapêutica a qualquer pretexto. Agindo
desta forma, não estaríamos respeitando o embrião como um fim em si mesmo, mas como
um meio a ser usado por terceiros.
Levando-se em conta que grande número de pré-embriões crio-preservados
são descartados após algum tempo de armazenagem ou podem permanecer estocados nos
bancos com essa finalidade, sem que os pais biológicos reclamem, por eles após período
superior a 3 anos, por que não utilizá-los em pesquisas? Afinal, estariam promovendo um
gesto altruísta, a semelhança da doação de um órgão para transplante. Julgamos que a
maioria dos casais consentem a doação dos embriões excedentes para uso em pesquisa ou
com o propósito terapêutico, caso já tenham constituído a sua prole. Neste aspecto o
legislador brasileiro seguiu a orientação de países que detêm conhecimento de vanguarda
na utilização de células-tronco embrionárias. O art. 5º da Lei de Biossegurança sancionada
recentemente assegura que: "É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in
vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: a) que
sejam embriões inviáveis; b) que sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na
data da publicação da Lei, ou que, já congelados na data da publicação da Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. Por fim, em qualquer
caso, é necessário o consentimento dos genitores, e as instituições de pesquisa e serviços de
saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão
submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa."
Novos dilemas éticos envolvidos com a utilização dessa tecnologia
poderiam ser levantados, a exemplo da possível destinação de células-tronco obtidas por
transferência do núcleo de células somáticas do próprio receptor, ao gerar um blastocisto
clonado. Seriam embriões produzidos pela junção de óvulos não fertilizados por
espermatozóides, o que, teoricamente, reduz a possibilidade de rejeição, uma vez que o
material genético a ser transferido presente no núcleo da célula do embrião doador pertence
ao próprio receptor.
Por fim, ressalta-se ainda os aspectos que envolvem a confidencialidade, a
privacidade e o patenteamento. Cada um desses tópicos ensejaria uma ampla discussão no
campo da moral. Por esses motivos, convém ao pesquisador agir com prudência e
responsabilidade, aprendendo com os erros do passado, deixando de lado os assomos
sôfregos de vaidade que movem o entusiasmo, observe-se, a título de exemplo, o ocorrido
quando se constatou os resultados precários na execução de procedimentos no campo da
terapia gênica e da infusão de células fetais, descritas até recentemente como apanágio de
doenças incuráveis. Sabe-se que o progresso com essas tecnologias continua muito aquém
do esperado. Assim, haveremos de buscar na dedicação e na humildade dos cientistas os
primeiros passos rumo ao progresso da própria ciência.
Transposiçao do Rio São Francisco
O governo federal deverá iniciar este ano um projeto concebido há mais de um século, o da ligação do Rio São Francisco com outros rios menores da região semi-árida do Nordeste. Esse projeto tem como objetivo garantir água às populações dessa região e também o desenvolvimento agrícola, comercial e industrial.
Imaginado pelo imperador D. Pedro II no final do século XIX e estruturado na virada do século XX para o XXI, o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco é cercado de polêmica.
O rio São Francisco é um dos maiores e mais importantes do mundo, estende-se por 2.700 quilômetros. Nasce na região Sudeste, cruza a Centro-Oeste e vai até a Nordeste. Após cruzar três estados, ele desemboca no mar na divisa entre Sergipe e Alagoas. Por isso, o rio ostenta o título de Rio da Integração Nacional e é chamado carinhosamente de “Velho Chico”.
Ao longo de sua extensão, o São Francisco recebe a água de 168 rios afluentes, dos quais 90 são perenes, ou seja, permanentes e os 78 restantes podem secar em períodos de estio.
Seu fluxo é interrompido por duas barragens para geração de eletricidade, a de Sobradinho, que garante a fluência do rio mesmo no período da seca, e a represa de Itaparica, ambas na divisa entre a Bahia e Pernambuco.
Atualmente, 95% das águas do rio desembocam no mar e apenas 5% são usadas pelas populações beneficiadas, em cidades ou na irrigação. Basicamente, o governo pretende aumentar o uso da água para benefício da população.
O projeto prevê retirar água justamente nas duas represas e levar essa água para duas outras bacias de rios menores, mas também importantes: a do rio Paraíba (a leste) e a dos rios Jaguaribe, Apodi e Piranhas-Açu (ao norte). Um projeto para 20 anos
O Projeto de Transposição do Rio São Francisco já foi feito e refeito ao longo de várias décadas, mas foi ampliado no atual governo, após um planejamento conjunto entre 12 ministérios.
Basicamente, trata-se da construção de dois imensos canais de ligação do São Francisco com as bacias menores e seus açudes e, depois, a construção de futuras adutoras (por canos).
Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Áridoe da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.Iconografia Moderna.
O projeto da ligação do São Francisco com outros rios menores da região semi-árida do Nordeste foi concebido há mais de um século. Seu início ainda conta com resistência de ambientalistas e da população que temem a morte do “Velho Chico”, o maior e mais importante rio da região. Apesar disso, a transposição do Rio São Francisco tem como objetivo garantir água às populações dessa região e também desenvolvimento agrícola, comercial e industrial.
O prazo previsto é de 20 anos, a um custo final estimado de R$ 4,5 bilhões. Pelo planejado, ele beneficiará diretamente 60 cidades, somando as que já recebiam alguma água e as que não recebiam nenhuma, e uma população de 12 milhões de nordestinos.
Como cada litro de água pesa um quilo, para as adutoras será preciso construir estações de bombeamento e de elevação para vencer montanhas e desníveis de terreno de até 500 metros.
Junto com a interligação de bacias, será também executado um Projeto de Recuperação do Rio São Francisco e seus afluentes, muitos deles assoreados como conseqüência do desmatamento e da agricultura.
A revitalização do rio é uma reivindicação antiga e permanente dos que se preocupam com o rio.
O projeto ameaça o rio e os que dependem dele?
Transpor e interligar as bacias desses rios parece lógico e muito promissor, mas o projeto gerou e ainda gera polêmicas e críticas daqueles que temem danos sociais e ambientais em razão de variáveis não-previstas.
Ambientalistas, geógrafos, biólogos, assistentes sociais e padres se perguntam: qual será o impacto disso para as espécies que hoje vivem nesse rio ou nos rios que receberão a água?
Se houver diminuição das espécies de peixe, o que acontecerá com as populações que dependem deles? A retirada da água pode comprometer a vazão do rio a jusante (ou seja, nas áreas mais próximas da foz)? Se água sumir em áreas onde ela é abundante, o que acontecerá aos que dependem dela?
O ministério da Integração Nacional, que cuida do projeto, diz que sua revisão e detalhamento foi mais cuidadosa, o que garantirá resultados melhores, e que o volume de água a ser usado é inferior a 1% do que o rio despeja no mar.
Apesar de ser uma das prioridades do atual governo, o projeto deveria ter sido iniciado em 2005 mas foi adiado para este ano.
rio madeira vivo
A primeira imagem compara a área ocupada pela cidade de Porto Velho com uma enorme mancha escura adjacente, de quase 20 km de largura, o lago artificial da usina hidrelétrica de Samuel, no rio Jamari, de proporções semelhantes a toda a capital do estado de Rondônia. A formação deste lago pelas barragens da usina causou o deslocamento de mais de 600 famílias, que perderam suas terras e ainda vivem em acampamentos organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens - o sítio destaca ainda que já há 1 milhão de brasileiros nesta situação e que 70% destes nunca receberam indenizações.
Mas isso não é nada perto do que está por vir. Como mostra a imagem seguinte, o rio Madeira é muito maior e mais largo, tendo pelo menos 16 vezes o volume de água do Jamari. Segundo Furnas/Odebrecht, os lagos das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau terão 120 km e 80 km de comprimento, respectivamente. Quanto à largura, não há mensuração! De toda forma, pelo menos 3 mil pessoas serão deslocadas das áreas inundadas.
Na seqüência, destaca-se uma imagem que revela a distância ridiculamente pequena que separa o local previsto para a construção da barragem de Santo Antônio do centro da cidade de Porto Velho: apenas 7 quilômetros! Isso, por si só, já é um risco para a sua população. Segundo especialistas (sempre de acordo com sítio da campanha), se há condições mesmo que mínimas de controle do volume de água do lago da hidrelétrica de Santo Antônio (mais próxima a Porto Velho), na época das cheias é impossível controlar ou prever o comportamento do imenso volume da água do reservatório de Jirau, rio acima - um problema que se agravará ao longo dos anos com o imenso depósito de sedimentos oriundos da cordilheira dos Andes (o rio Madeira é o mais barrento da região amazônica).
Os sedimentos ficarão retidos no lago a montante, reduzindo a vida útil de Jirau, que em poucos anos se transformará em um imenso lamaçal, invadindo o território boliviano e criando para o Brasil um problema internacional. Esta carga de sedimentos faltará rio-abaixo, alterando toda a dinâmica do Madeira e seu sistema de lagoas adjacentes, prejudicando a reprodução de espécies de valor pesqueiro.
Mas não é preciso recorrer ao risco de acidentes para antever os sinais de uma tragédia anunciada. Como destacou a campanha, a capital de Rondônia tem cerca de 370 mil habitantes e apenas 1,8% dos seus domicílios contam com tratamento de esgoto (isto mesmo, leitor, 1,8%). Durante a época das chuvas de 2005, houve 50 mil casos de malária e a rede de saúde existente foi absolutamente incapaz de lidar com esta demanda. O que se pode esperar deste quadro quando o lago da usina de Santo Antonio reproduzir uma cheia permanente a tão poucos quilômetros da capital do estado? Para os mosquitos será certamente uma maravilha. E isso quando a malária, depois de quase extinta, ressurge explosivamente com quase uma centena de casos no estado de São Paulo e a dengue alastra-se e ganha força pelo país, assumindo formasmais agressivas até então raras. E mais, como a cidade de Porto Velho comportará as mais de 100 mil famílias extras que devem ser atraídas à cidade em função destas mega-obras? - indaga o nosso guia virtual.
Para que os desenvolvimentistas não crucifiquem o ambientalismo, como têm feito recentemente, alternativas há, além das grandes hidrelétricas e das usinas nucleares (ao contrário do que diz o nosso presidente), como mostramos nesta coluna em diversas ocasiões. Recentemente, até a grande imprensa tem destacado que a quantidade de energia desejada pelo PAC até 2010 pode ser suprida de uma forma muito mais rápida, barata e sem inundar um centímetro quadrado sequer. Trata-se da repotenciação de usinas hidrelétricas com mais de 20 anos, que, a um custo baixo (aproximadamente igual ao custo apenas das linhas de transmissão para trazer energia até os centros consumidores), podem fornecer de forma quase imediata mais de 8 mega-watts adicionais ao sistema elétrico nacional.
Apresentações semelhantes (apoiadas em imagens de satélite), sobre as hidrelétricas do Xingu e outras obras prioritárias para o governo federal com impactos profundos sobre a região amazônica, devem ser feitas com urgência e amplamente divulgadas pela Internet. Só campanhas como estas podem contrapor-se à estratégia dominante, desenvolvimentista, de ridicularizar a questão ambiental. Papel lamentável a que se prestou o presidente Lula, quando da piada que teria feito sobre o "bagre" que lhe teriam jogado no colo, referindo-se à dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), um peixe que pode alcançar mais de dois metros de comprimento e cuja sobrevivência, segundo estudos de impacto ambiental, é ameaçada pelas hidrelétricas do Madeira. Detalhe: aquela espécie de peixe é extremamente importante na dieta das famílias ribeirinhas da região.
O problema não é o "bagre", senhor presidente, é um desastre ecológico e social de proporções previsíveis e gigantescas, mais outras tantas conseqüências imprevisíveis.
A estratégia adotada pelos idealizadores da campanha popular "Viva o Rio Madeira Vivo" é fundamental para que se tenha uma perspectiva melhor da dimensão dos problemas associados a estas obras, que não devem apenas passar por uma adequação (porque não se trata de questões técnicas pontuais, como querem nos fazer crer), mas serem suspensas por completo.
PROJETO IPeC
HISTÓRICO
Este projeto iniciou-se há cerca de dez anos no Clube Náutico Araraquara (CNA). Atualmente, o projeto conta com o apoio do CNPq, Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados - UFPR e UNICAMP. Os estudos com estes animais são desenvolvidos em uma área de cerrado no interior do Estado de São Paulo, mais precisamente no município de Américo Brasiliense. Esta área é mantida e preservada pelo ‘Clube Náutico de Araraquara’.
OBJETIVO
- Estudar a biologia reprodutiva através de características de ninhos, oviposição e desenvolvimento dos filhotes; - Registrar e descrever comportamentos defensivos de jovens, assim como seu repertório sonoro; - Registrar as mutilações de filhotes e o impacto que elas podem causar na comunidade; - Estudar a ecologia populacional, estimando periodicamente a densidade e comparando métodos.
SUBPROJETOS
1 - Ecologia populacional
Ecologia populacional do jacaré-do-papo-amarelo. Responsáveis: Paulo Roberto Manzani & Emygdio L. A. Monteiro Filho. - Visa ao conhecimento parâmetros populacionais do jacaré-do-papo-amarelo na represa do CNA, como estimativa da densidade populacional, estrutura de grupo e dispersão dos animais na referida represa.
2 - Marcação
Sistema de marcação do jacaré-do-papo-amarelo. Responsáveis: Paulo Roberto Manzani & Emygdio L. A. Monteiro Filho. - Objetivou à aplicação de técnicas de marcação individual que permitisse o reconhecimento dos animais existentes na represa do CNA e que pudesse ser aplicado a outras populações.
3 - Vocalização
Vocalizações do jacaré-do-papo-amarelo. Responsáveis: Paulo Roberto Manzani & Emygdio L. A. Monteiro Filho. - Com base nas capturas de filhotes dos jacaré-do-papo-amarelo, foram realizadas sessões de gravações das vocalizações emitidas. Estes sons foram posteriormente analisados e descritos, mostrando ser possível o reconhecimento dos filhotes através de suas vocalizações.
4 - Mutilações
Mutilações sofridas por jacaré-do-papo-amarelo. Responsáveis: Paulo Roberto Manzani & Emygdio L. A. Monteiro Filho. - Durante as atividades desenvolvidas ao longo do estudo de ecologia populacional, foi possível verificar a existência de mutilações em filhotes. Estas mutilações que são causadas principalmente por piranhas, estão sendo analisadas e descritas.
5 - Biologia reprodutiva
Biologia reprodutiva do jacaré-do-papo-amarelo. Responsáveis: Paulo Roberto Manzani & Emygdio L. A. Monteiro Filho. - Ao longo dos dez anos de estudos da população do jacaré-do-papo-amarelo nas dependências do CNA, pudemos fazer o acompanhamento de numerosas ninhadas. Nosso estudo tem mostrado que de cada ninhada com cerca de 35 filhotes, um ou dois tem o potencial de chegar ao estágio adulto, sendo que os demais desaparecem nos dois primeiros anos de vida. Há inclusive ninhadas que desaparecem por completo nos seis primeiros meses de vida.
sábado, 12 de abril de 2008
lei da biossegurança
Exposição 'Darwin no Rio' no Museu de História Nacional
A mostra recria a trajetória de Darwin ate a descoberta e publicação da teoria da evolução, que ele guardou por anos em segredo. Explora a biologia evolutiva contemporânea, suas aplicações na medicina e como a evolução baseou toda a biologia moderna.
A exposição é dividida em oito seções que retratam toda a trajetória de vida de Darwin, a expedição do beagle, descoberta de espécimes e desenvolvimento da teoria da evolução. A mostra trás ainda artefatos, documentos, filmes e vídeos interativos, com destaque para animais vivos como tartarugas, iguanas, sapos da América do sul e orquídeas exóticas.
Introdução
Esta seção expõe característica da personalidade de Darwin, principalmente a sua persistência e a paixão com que investigava o mundo ao seu redor. A lente de aumento de Darwin exemplificava as ferramentas simples que ele usou para observar a natureza. Outras lentes localizadas em vários pontos da exposição relembram a importância da observação para a ciência.
O mundo antes de Darwin
Quando Darwin começou seus estudos, os organismos eram considerados imutáveis desde a sua criação. Ate então, a maioria dos pensadores considerava a humanidade como uma criação única, independente de qualquer outro ser vivo. Estão expostos esqueletos de diversos animais, nos quais as evidencias da evolução já podiam ser observadas. Na época, tais evidencias eram consideradas apenas diferenças entre os organismos, sem um elo de ligação entre as espécies.
Exemplo: o sagüi tem características com outros primatas. Os europeus entendiam como evidencia evolutiva.
O jovem naturalista
Conta a historia da família de Darwin, sua infância e os anos de faculdade. Uma coleção de besouros ilustra o interece pelo mundo natural presente desde sua infância. É exibido o filme “ A vida e o trabalho de Darwin”, narrado pelo tataraneto do naturalista, Keynes.
Ele escreveu cartas apaixonantes para seu primo dizendo sobre o estudo com os besouros.
Uma viagem ao redor do mundo
Detalhes sobre a viagem que durou 5 anos a bordo do beagle. Fala sobre as pistas que Darwin observou e que levaram a entender como as espécies estão relacionadas. Uma ampla área é dedicada aos ambientes e criaturas que Darwin encontrou durante essa longa jornada, desde a grande diversidade da mata atlântica ate as incríveis formas de vida encontradas nas Ilhas Galapagos.
A idéia toma forma
Documentos e cartas ilustram a linha de raciocínio de Darwin, sua crescente reputação em Londres e o grande esforço para desenvolver a teoria da evolução em meio aos padrões sociais da época. Esta seção trás fosseis como os que Darwin coletou durante a expedição do beagle, cruciais para elaboração da teoria.
A obra de uma teoria
Uma elaborada reconstrução da sala de estudos de Darwin na “down house”, onde aperfeiçoou a teoria da evolução que originou sua publicação “ A origem das espécie”, em 1859. Estão expostos muitos objetos pessoais relacionados à trajetória intelectual de Darwin e à sua vida em família.
A evolução hoje
Exemplos de pesquisas atuais baseadas na criação do modelo de Darwin, que mostram suas subseqüentes descobertas em paleontologia, genética e biologia molecular. Vídeos, entrevistas com cientistas renomados e estações interativas completam essa seção.
Epílogo
Uma vibrante e colorida montagem de orquídeas vivas que fascinaram Darwin. Seus estudos sobre a produção de néctar das orquídeas, o formatos dos insetos e os pássaros que as polinizavam ajudaram-no a entender algumas das maravilhosas manifestações da natureza.
Biografia de Charles Darwin
Charles Robert Darwin (1809-1882) é considerado um dos mais importantes nomes da historia das ciências. Naturalista britânico, geólogo e pensador, suas idéias extraordinárias sobre a evolução das espécies por seleção natural foram um ponto decisivo para ciência e cultura e continuam sendo revolucionarias e presentes em nossas vidas.
Em 1831, embarcou em uma expedição de cinco anos pela América do sul e Ilhas Galapagos no navio HMS beagle. Este foi considerado o mais importante evento de sua vida, que confirmou sua vocação e carreira como naturalista.
Em 1859, publicou “A origem das espécies”, livro que ao apresentar sua revolucionaria teoria sobre a evolução, mudou o mundo. O cientista continuou a escrever sobre botânica, geologia e zoologia ate sua morte.