Certas pessoas têm sorte de terem nascido em épocas mais tolerantes (e com menos ativistas de direitos humanos). Jack Haldane foi uma delas.
A menos que você seja mergulhador, é bem provável que não saiba quem foi Jack Haldane e porque ele foi uma figuraça. Bom, então vamos aos fatos.
Jack Haldane, o cientista sádico-masoquista
Depois de ter dado uma ajudinha para estabelecer a genética populacional, o autodidata Jack Haldane resolveu estudar os efeitos da descompressão em mergulhadores. Entre os dois trabalhos, Haldane lutou na Primeira Guerra Mundial, o que considerou “uma experiência bem divertida”.
Com recursos da Marinha britânica, Haldane construiu uma câmara de descompressão que chamou de “panela de pressão” e começou a estudar os efeitos da descompressão, com particular interesse pela narcose por nitrogênio.
O que tornou Haldane uma figuraça da ciência foi a forma digamos, sádica, como ele tratava as suas cobaias.
Por cobaia eu não estou querendo me referir àqueles parentes simpáticos dos ratos que são torturados estudados nos laboratórios pelo mundo afora. Estou me referindo a seres humanos mesmo, descedentes dos macacos com cérebros um pouco maiores do que estes.
Submetidos a pressões insanas e a diferentes combinações de gases, as pessoas invariavelmente saiam da “panela de pressão” tendo convulsões, sangrando, vomitando, fraturadas ou com os pulmões comprimidos. Como não há muitas pessoas masoquistas no mundo, Haldane chegou a usar a própria esposa como cobaia. Em uma experiência simulando uma descida rápida, a sra. Haldane teve convulsões por 13 minutos, depois dos quais Jack a ajudou a se levantar e a mandou para casa preparar o jantar.
Mas Haldane não seria uma figuraça se ele mesmo não tivesse tomado parte dos seus experimentos. Afinal, ele estava disposto a tudo (tudo MESMO) para ajudar à ciência.
Simulando uma subida à tona muito rápida, Jack explodiu todas as suas obturações dentárias. Ele também teve um tímpano perfurado, mas não ligou muito: “embora se fique um pouco surdo, pode-se expelir fumaça de tabaco pela orelha em questão, o que é uma realização social” escreveu ele a respeito.
Em outra experiência, simulando privação de oxigênio, Haldane ficou seis anos sem sentir as nádegas (eu posso escrever “bunda” em um blog sério ?) e parte da espinha dorsal.
Depois de todo esse sofrimento, Haldane acabou formulando as tabelas de mergulho que, com algumas atualizações, são utilizadas até hoje, para deleite dos mergulhadores, profissionais ou não.
Para sorte dos mergulhadores, Haldane fez tudo isso no começo do século XX. Se fosse hoje em dia haveria grupos de direitos humanos reclamando que suas experiências eram cruéis. Algum deputado populista conseguiria o bloqueio das verbas da Marinha britânica para o projeto de Haldane e ele provavelmente acabaria seus dias bêbado em alguma sarjeta ou internado em um hospício. Ou ambos.
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